domingo, 29 de maio de 2011

"The secret of the wild child"

Foi visualizado na aula o documentário "The secret of the wild child". Cada um dos quatro autores do blogue reflectiu sobre o mesmo. No entanto, apresentaremos apenas um comentário ao documentário. 
O texto seguinte aborda a importância do meio na formação de um ser humano, os interesses dos cientistas para com a menina e uma reflexão sobre a primeira aprendizagem (se tem ou não um limite de tempo para que aconteça).
A primeira conclusão que se pode tirar com o visionamento deste documentário é que o meio é essencial na formação de um ser humano. Quando foi encontrada, Genie era quase incapaz de falar e andar, devido ao facto de ter vivido toda a sua vida em total isolamento. Ela não teve uma boa formação, enquanto ser humano, devido à ausência de um meio favorável.
Levanta-se então um problema “é mais importante o meio ou a genética na formação humana?”. Na minha opinião, isso não é quantificável. Penso que ambos são importantes. O ser humano nasce com pré-disposições biológicas que estão dependentes do meio para poderem sofrer um processo evolutivo. Uma boa crítica a quem defende exclusivamente o meio, em detrimento do meio genético, é o facto de os animais de estimação, que temos em casa desde que nasceram, não aprendem a falar nem têm comportamentos humanos. Por outro lado, os casos dos meninos selvagens demonstram a imprescindibilidade do meio na formação de um indivíduo.
Este documentário levanta ainda mais questões, como por exemplo, “será que a primeira aprendizagem só pode ser feita nos primeiros anos de vida, isto é, tem um limite de tempo?”. Tudo indica que sim. No entanto, não é garantido, visto que alguns psicólogos defendiam que Genie tinha, em bebé, uma deficiência mental.
Inúmeras pessoas ficaram interessadas pela Genie, após saberem do seu caso. É questionável se todas aquelas pessoas que lidaram a Genie, o fizeram apenas pela experiência científica (ou mais tarde, pelo dinheiro), ou se estavam realmente empenhados em garantir bem-estar à menina. Questiono-me também sobre se o facto de ter sido visitada por tanta gente, não lhe foi prejudicial, no estabelecimento de relações afectivas.
Vários cientistas usaram métodos diferentes de ensino, em diferentes fases. Provavelmente, ela aprenderia melhor com um só método, que fosse previamente planificado, com propósitos claros.
“Poderia ser uma experiência científica e também uma paciente?”. Esta é uma questão apresentada no documentário, que penso ser crucial. Por mais avanços que pudessem houver na ciência, penso que devia haver limites na forma de tratar o caso de Genie. As pessoas que estavam em volta dela deviam preocupar-se acima de tudo, no seu bem-estar. As experiências científicas que se realizassem deviam ser feitas, respeitando Genie. Por exemplo, num momento do filme, ela é confrontada com memórias do seu pai, algo que a deixa visivelmente irritada. Neste caso, a experiência resulta em sofrimento para ela. A disputa de que ela foi alvo também não lhe deve ter sido favorável. Foi um acto muito pouco altruísta por parte das pessoas que a fizeram. Itard também parece ter sido egoísta. Parece preocupar-se essencialmente com a carreira, e, quando conclui que o menino não iria progredir, ele “abandona-o”. Tenho ainda outra dúvida pertinente – poderiam ser os interesses dos cientistas e da mãe de Genie meramente económicos?
O facto de ela ter sido “deixada ao abandono”, com mudanças sucessivas de lar, parece confirmar a falta de preocupação dos outros para com ela.

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