domingo, 29 de maio de 2011

“A experiência de Harlow” – A Importância da Infância


O desenvolvimento acontece porque o Homem é um sistema aberto, ou seja, está em permanente interacção dinâmica com o meio, o meio natural, a família, os amigos, a escola, a comunidade, que o ajudam a desenvolver-se.

Nestes últimos anos, muitos autores têm debatido os efeitos que experiências adversas produzem no desenvolvimento das crianças. Actualmente, podemos afirmar que a infância é a base fundamental do processo de formação e de desenvolvimento da criança e do Homem ao longo da vida.

Desde do nascimento, o indivíduo necessita de afecto e carinho, de uma base afectiva estável, tanto como de alimento e higiene. Diversos autores consideram que uma boa relação afectiva pode proporcionar à criança um crescimento mais saudável, quer a nível psicológico (auto-estima mais elevada, um bom auto-conceito, boa interacção com o grupo de pares, etc.) quer a nível físico (menor risco de desenvolver patologias, principalmente psicossomáticas).

O Estudo do comportamento animal constitui-se como uma importante ferramenta para a investigação em Psicologia e, por conseguinte, para a compreensão do comportamento humano.

Harry Harlow observou o desenvolvimento de macacos, criados em laboratório.

No laboratório, Harlow fazia manipulações experimentais nas quais forçava uma ruptura das mães com as suas crias (isolamento total ou parcial durante os primeiros tempos de vida). Assim, o investigador pretendia concluir qual a importância do afecto e do carinho e dos vínculos criados entre mãe-bebé para um desenvolvimento saudável. Ao mesmo tempo, com esta experiencia Harlow conseguiu provar à comunidade cientifica a importância de experiencias com primatas, pois pode retirar conclusões inatas a vida e não apenas à espécie em estudo, como alguns defendiam.

Desta forma, Harlow impulsionou a psicologia do desenvolvimento através das suas experiencias com mães substitutas.

Harlow separou 60 macacos bebés da mãe, 6 a 12 horas após o nascimento, e começou a criá-los num isolamento total. Desde o primeiro momento, reparou que os macacos bebes apegavam-se fortemente às mantas e aos cobertores. Aqueles que não as tinham, não sobreviviam mais do que uma semana.

Assim Harlow continuou a sua experiência separando oito macacos e criou-os em jaulas, totalmente isolados apenas com as já referidas mães substitutas: uma era um pedaço de madeira e esponja coberta de algodão. A figura tinha também uma cara, com grandes olhos e, no interior, tinha uma pequena lâmpada que gerava calor. A outra era apenas um pedaço de arame. No entanto, o pedaço de arame tinha um sistema que dava alimentação aos macacos.

Observou-se assim que os macacos alimentavam-se da mãe de arame, mas que criavam vínculos afectivos com a mãe de pano (que se mantinham mesmo que fossem separados por alguns períodos de tempo), passando entre 16 a 18 horas com ela.

Esta pesquisa teve um acompanhamento longitudinal aos macacos bebés e pode observar as implicações que uma infância isolada e privada de aspectos fundamentais teve no seu desenvolvimento e formação integral.

Verificou-se que os primatas, vivendo os primeiros tempos de vida em situações de isolamento revelaram comportamentos perturbadores, como medo dos demais da mesma espécie, isolamento, violência com as próprias crias, ou mesmo uma total apatia e uma ausência total de comportamentos sociais.

Em síntese, podemos concluir que a experiência de Harlow permitiu comprovar a necessidade universal de todas as espécies de afecto, carinho e de uma base afectiva estável entre a cria e a figura materna, um vínculo que ultrapassa em muito a satisfação das necessidades de alimentação, como se pode perceber pela ligação que estes macacos bebés tinham com a sua “mãe de pano”.

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