domingo, 29 de maio de 2011

Preconceito

(pre + conceito)

1. Ideia ou conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério ou imparcial.

A noção de preconceito é interpretada, de uma forma geral, com uma conotação negativa. As pessoas analisam-no como sendo um método simplista, irracional e muitas vezes injusto para avaliarmos uma pessoa ou acontecimento tendo em conta o que vivenciámos anteriormente, do qual resultam as nossas experiências em casos semelhantes. Existe um exemplo muito comum, que explica o significado que as pessoas atribuem à noção de preconceito. Uma pessoa é assaltada por um homem de barba e com má imagem. Qualquer futura interacção com um homem de barba e um aspecto mais “desleixado” será mais cautelosa, numa abordagem inicial. Na verdade, o preconceito também está inerente a interpretações positivas. Como por exemplo, os países do norte são, de uma forma geral, países desenvolvidos. À partida e sem mais informações, concebemos os seus habitantes como sendo sérios, responsáveis e cultos. Isto para perceber que os preconceitos, não são mais do que uma medida a que o ser humano recorre, utilizando as suas experiências, para se precaver em todas as situações, associando situações semelhantes até obter mais informações que lhe permitem formar uma ideia mais completa e justa.

Podemos então perceber, que o preconceito, ou seja, uma ideia previamente criada, baseia-se muitas vezes nas nossas experiências, mas mais importante, baseia-se na nossa interpretação das experiências. Isto porque as nossas interacções com o mundo não são objectivas, mas sim subjectivas. Utilizando o exemplo anterior, enquanto uma pessoa poderia focar as suas atenções na barba do sujeito, outra poderia ao invés dar importância ao corte de cabelo, à roupa que utilizava, ou mesmo à sua estrutura física. E todo o processo de criação do preconceito variava entre elas. Tudo depende da perspectiva que tomamos. E na verdade, essa perspectiva é influenciada pelas nossas ideologias. Outro exemplo, utilizando a politica. Um presidente de uma facção discursa para uma plateia. Nessa plateia, um indivíduo, que é também defensor desse partido e da sua ideologia, ouve, e assimila tudo aquilo com que concorda. Um outro indivíduo, que não partilha das mesmas ideias, dará mais ênfase àquilo que interpreta como errado. Verificamos que a perspectiva dos dois sujeitos é definida claramente pelas suas escolhas políticas. Isto prova que o preconceito é na verdade um processo baseado na racionalidade.

O único senão, baseia-se na justiça. Na verdade, quando lidamos com pessoas, sabendo que somos seres semelhantes, o que nos distingue dos outros enquanto Homem é o facto de entre nós, sermos todos diferentes. Ao criarmos um preconceito, esquecemo-nos dessa regra. O homem com barba que rouba alguém, não é igual a um outro homem, que por acaso também tem barba. Da mesma forma, uma pessoa oriunda de um país desenvolvido não é necessariamente culta, ou mais culta que uma pessoa de um país subdesenvolvido.

Para finalizar, não nos podemos esquecer que todos nós utilizamos o preconceito como um método para socializar, e que se não o fizéssemos, éramos simplesmente incapazes de formar ligações. O que nos faz distinguir das pessoas negativamente preconceituosas, isto é, que o utilizam de forma errada (racismo, discriminação, etc.), é a nossa capacidade para perceber todas as variáveis do processo e a importância que cada uma tem em cada situação que vivenciamos. E acima de tudo, da nossa capacidade de perceber que todas as pessoas são diferentes e todas merecem o benefício da dúvida, isto é, liberdade e oportunidade para se mostrarem a nós, tal e qual como são.

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