sexta-feira, 8 de abril de 2011

Uma reflexão acerca do behavorismo (uma corrente de psicologia do século XX)


O behavorismo (comportamentalismo) foi fundado por John Watson, nos Estados Unidos da América. Para Watson, a Psicologia não devia ter em conta nenhum tipo de preocupações introspectivas, filosóficas ou motivacionais, mas apenas os comportamentos objectivos, concretos e observáveis.
Os psicólogos behavoristas estudavam os eventos ambientais (estímulos), o comportamento observável (respostas) e como a experiência influenciava o comportamento, as aptidões e os traços das pessoas, mais do que a hereditariedade. Os comportamentos constituem assim a resposta de um indivíduo a um determinado estímulo. Watson pretendia tornar a psicologia uma ciência aplicada também aos animais.
A base do behavorismo é de que um estímulo provoca sempre a mesma resposta, pelo que não só seria possível prever os comportamentos, mas igualmente controlar a produção desses comportamentos.
Watson efectuou um conjunto de experiências acerca de comportamentos infantis, com o intuito de alargar o conhecimento no campo da psicologia experimental e comparada. Uma dessas experiências ficou conhecida como o caso do bebé Albert. O objectivo desta experiência era testar a ideia da origem do medo: se era inato ou aprendido como uma resposta condicionada. O “pequeno Albert” era exposto a um coelho branco, um rato branco e um macaco, juntamente com outros objectos. A experiência começou com Albert a brincar livremente com o rato branco. Sempre que ele tocava o animal, Watson fazia um barulho alto ao bater numa barra de aço com um martelo, originando choro e medo na criança. Após várias repetições da experiência, constatou-se que Albert desenvolveu sentimentos de medo, não só em relação ao rato branco, mas também a outros animais, como coelhos e macacos. Watson concluiu então com o estudo que o medo foi aprendido como resposta a um estímulo.
Watson acreditava que podia gerar qualquer comportamento a partir de determinados estímulos, e afirma o seguinte:
“Dêem-me doze crianças sadias, de boa constituição, e a liberdade de poder criá-las à minha maneira. Tenho a certeza de que, se escolher uma delas ao acaso, e puder educá-la, convenientemente, poderei transformá-la em qualquer tipo de especialista que eu queira – médico, advogado, artista, grande comerciante, e até mesmo em mendigo e ladrão – independente de seus talentos, propensões, tendências, aptidões, vocações e da raça de seus ascendentes”.
Os críticos do behavorismo vêem esta corrente como uma concepção limitada do comportamento. Como apenas se valoriza a influência social e se estuda apenas o observável, esta abordagem fica limitada no estudo dos processos cognitivos (tais como a linguagem, por exemplo). O behavorismo não consegue explicar alguns comportamentos característicos dos seres humanos, tais como o pensamento, os sentimentos ou as emoções. Além disso, não consegue explicar necessidades fisiológicas, como por exemplo, ter vontade de comer. A vontade de comer não é resposta a um estímulo observável mas sim uma necessidade intrínseca ao organismo.
Contrariamente à ideia dos behavoristas de que um estímulo provoca sempre a mesma resposta (e assim é possível prever e controlar comportamentos), podem verificar-se respostas diferentes a um mesmo estímulo (quer por pessoas diferentes, quer pela mesma pessoa em momentos diferentes).
Watson pretendia tornar a psicologia uma ciência aplicada aos animais e aos seres humanos. Mas os animais são diferentes dos seres humanos. A linguagem, por exemplo, é uma capacidade inata do homem, que os animais não possuem. É então constatável que as características dos homens não podem ser explicadas baseadas exclusivamente no comportamento observável, mas também segundo a hereditariedade. Isto contraria a afirmação de Watson em que ele diz que podia moldar qualquer criança para ser quem ele quisesse, a partir de um conjunto de estímulos.
Segundo o behavorismo, um estímulo provoca sempre a mesma resposta ou conjunto de comportamentos. Assim, este ponto de vista conduz-nos à ideia que tudo está determinado e que o homem não tem liberdade de escolha.

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